Um pequeno Guia para artistas se posicionarem no mercado

Carolina Herszenhut
5 min readMar 27, 2023

Uma Nova Jornada da Arte

Pode soar estranho esse termo “Nova Jornada da Arte”, mas te garanto que o final desse texto fará todo sentido e com certeza te ajudará a ter um pouco mais de clareza de como conduzir seu trabalho.

A arte contemporânea é arte de hoje, produzida a partir da segunda metade do século XX e no século XXI. Não há consenso entre os autores sobre o início do período contemporâneo na arte, mas considera-se que a arte contemporânea, em seus estilos, escolas e movimentos, tenha surgido após a Segunda Guerra Mundial, como ação de ruptura com a arte moderna.

Artistas contemporâneos trabalham em um mundo globalmente influenciado, culturalmente diverso e tecnologicamente avançado. Diversificada e eclética, a arte contemporânea como um todo se distingue pela própria falta de um princípio organizador uniforme, ideologia ou “ -ismo “. A arte contemporânea faz parte de um diálogo cultural que diz respeito a estruturas contextuais mais amplas, como identidade pessoal e cultural, família, comunidade e nacionalidade. — WIKIPEDIA

Tudo que é produzido hoje, é arte contemporânea, seja arte pública, arte têxtil, escultura, pintura ou performance. Dito isso é preciso entender que a Arte (Mundo da Arte) é também um negócio (Mercado da Arte) e esse negócio se estrutura na contemporaneidade a partir de uma Jornada da Arte, que Sarah Thornton relata em seu livro “Sete dias no mundo da arte”::

“É importante ter em mente que o mundo da arte é muito mais amplo que o mercado da arte. Mercado diz respeito a pessoas que compram e vendem obras (ou seja, marchands, colecionadores, leiloeiros), mas muitos agentes do mundo da arte (críticos, curadores e os próprios artistas) não estão diretamente envolvidos regularmente nessa atividade comercial. O mundo da arte é uma esfera em que muitas pessoas não apenas trabalham, mas vivem em tempo integral. É uma “economia simbólica”, na qual as pessoas permutam ideias, e o valor cultural é mais debatido do que determinado pela pura riqueza.”

Paralela e bastante distante de uma jornada tradicional que coloca a arte num pedestal e constrói o seu mundo a partir de críticos, galerias e galeristas, feiras de arte, revistas, leiloeiros, museus e bienais, essa nova jornada, dialoga com símbolos, pessoas, instituições e iniciativas que mais parecem um plano de marketing.

Se pensarmos que nessa nova jornada da arte, como uma jornada que inclui novos participantes como: mídias sociais, empresas, colabs, festivais e outros, fica fácil entendermos que o posicionamento de um artista no mercado nada mais é do que um “plano de negócios”, e todo plano de negócios tem um bom “mix de marketing”.

Aproveitarei para mostrar como essa estratégia pode ser usada na arte e entender que cada trabalho do artista, uma tela, um painel, um print, um produto com estampa e até mesmo uma fala num evento pode ser entendido e posicionado a partir desses 4Ps do marketing. (ler Philip Kotler)

Produto

O primeiro dos 4Ps refere-se àquilo que a empresa oferece para sanar um ponto de dor ou uma necessidade do consumidor. Ele pode ser tangível (objetos e bens de consumo) ou intangível (serviços e informações).

  • Como as pessoas interagem com o que eu faço?
  • Telas? Prints? Produtos? Murais? Digitais? Cursos? Palestras?
  • Como, quando e onde o cliente vai utilizá-lo?
  • Como ele se diferencia dos outros artistas que já existem no mercado?

Preço

O preço é o valor de venda do produto, o quanto ele custa para a aquisição pelo cliente. Essa definição é importante não apenas para o sucesso de um negócio, mas para a sua sobrevivência. O preço — valor percebido — deve ser formado com base na estrutura de custos da sua fabricação, tributação e venda.

  • Qual é o valor do seu produto ou serviço para o comprador?
  • Quais são as faixas de preço para produtos e serviços?
  • Qual é o comportamento do cliente em relação ao preço? Quanto ele está disposto a pagar pelo que você oferece? Qual é o limite de preço?
  • Existe a necessidade de criar ações de preço específicas para segmentos de público (pessoas jurídicas, físicas)?
  • Como seu preço se compara ao de outros artistas?

Praça

De forma geral, a praça, ou ponto de venda, diz respeito ao local de distribuição e logística do produto ou serviços da empresa para o consumidor final. Ou seja, onde o produto é oferecido.

  • Onde as pessoas acham seus trabalhos?
  • Exposições? Sites? Festivais? Galerias? IG? Atelier?

Promoção

O último “P” diz respeito à promoção que engloba todo o plano de comunicação, divulgação, estratégias de aquecimento das vendas e execução de estratégias de marketing de uma empresa. Ou seja, tem o sentido de promover uma marca e o que ela oferece, de modo a fazer dela uma escolha natural de consumo para o seu público.

  • Onde você pode passar, de forma efetiva, as mensagens do seu trabalho?
  • Quais são os melhores canais e ações para apresentar seus trabalhos para possíveis clientes?

Importante deixar claro aqui que nada disso é uma verdade absoluta, são apenas algumas das muitas ideias e processos que permeiam meu trabalho diário de gestão de carreiras de artistas visuais na Aborda, a única plataforma do país que realiza esse trabalho desde 2019, com atuação em diversas regiões do Brasil. Espero que te ajudem!

Carolina Herszenhut é agente e ativista cultural, especializada na identificação de novas cenas e artistas, criando uma carreira sustentável para eles. Com MBA em Gestão Cultural pela Associação Brasileira de Gestão Cultural e Gestão e Criação Contemporânea na Casa Encendida em Madrid.

É idealizadora da Aborda, uma plataforma de experiências que conecta marcas e pessoas através da arte, cultura e causas. Somos a única plataforma de gestão de carreiras de artistas visuais no Brasil com 12 artistas no nosso portfólio de diferentes locais do país, valorizamos o mercado da arte visual no brasil e está atenta e ativa nas transformações desse segmento.

Há 10 anos a Aborda desenvolve, idealiza e faz a curadoria de projetos culturais em todo país com marcas e instituições. Dentre outros projetos executados, está O Cluster, primeira e maior plataforma de economia criativa do Rio de Janeiro criada em 2012. Realizou mais de 25 eventos com mais de 100.000 pessoas nas cidades do Rio, Belo Horizonte e Recife.

Um dos principais nomes da cena de arte pública no Brasil, Carolina é Diretora Comercial do CURA, um dos maiores festivais de arte pública em Belo Horizonte e também do Inarte, uma residência artística no Rio Grande do Norte onde fazemos um mapeamento sensível através da arte e educação patrimonial.

Lançou em 2016 o livro: “Guia O Cluster Cem Criativos Cariocas”, um título inédito, por se tratar do único guia da cidade do Rio de Janeiro que revela novos nomes da economia criativa.

Em 2017 foi selecionada entre mais de 400 mulheres no Brasil todo para ser uma das 30 mulheres do prêmio Itaú Mulher Empreendedora em parceria com a FGV/SP, em 2019 participou do programa She 2B do Weconnect com a Proctor & Gamble que visa ampliar o número de empresas lideradas por mulheres a trabalharem junto a Multinacionais.

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Carolina Herszenhut

Agente cultural e ativista, idealizadora da Aborda uma plataforma de gestão de carreiras de artistas visuais.